Ressuscitará no terceiro dia – uma mensagem no dia da Missa de Sétimo Dia proposta pelo Movimento #naruasaoleo
Está
escrito:
E no dia seguinte, que é o dia depois da Preparação, reuniram-se os
príncipes dos sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos,
Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei.
Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro.
E disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes.
E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.
(Mateus 27:62-66)
O povo é
perigoso. É preciso garantir que esteja morto mesmo, pois a sua força é capaz
de fazer ressuscitar: a luta, a consciência, a justiça. Estejamos atentos,
porque, de fato, querem fazer crer que está morto. Inventam mentiras, armam
esquemas, caluniam.Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei.
Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro.
E disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes.
E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.
(Mateus 27:62-66)
E, quando iam, eis que alguns da guarda, chegando à
cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes todas as coisas que haviam
acontecido.
E, congregados eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
Dizendo: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram.
E, se isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança.
E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos.
(Mateus 28:11-15)
De certa
forma fui surpreendido com a proposta de realização do ato “Missa de Sétimo Dia
da Democracia” (sobre o movimento #naruasaoleo veja os posts anteriores). A
surpresa foi pela escolha de um ritual reconhecido como parte de uma
determinada tradição religiosa. A gente nunca tinha falado sobre religião, igreja
ou qualquer coisa assim e também não falamos muito ontem. O esquema simbólico
serve: será o sétimo dia depois da repressão violenta das forças policiais
contra os/as manifestantes. Religião faz parte do cotidiano da Câmara de
Vereadores/as, com vários ligados a igrejas, inclusive pastores, e não por
coincidência na segunda-feira houve uma Sessão Solene em homenagem à Igreja
Universal do Reino de Deus na mesma Casa. No perfil do Presidente da Câmara,
Luiz Andrade, lê-se “Evangélico, Andrade acredita que com fé podemos alcançar
todos os nossos objetivos” – além de constatar que sua profissão é “militar
aposentado”. Para além das crenças ou filiações religiosas e/ou ideológicas
dos/as manifestantes, talvez a utilização do mesmo universo simbólico ajude a
entender as propostas do Movimento. Talvez... E, congregados eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
Dizendo: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram.
E, se isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança.
E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos.
(Mateus 28:11-15)
Deveria
ficar evidente que o ato é simbólico. Que A Democracia, ou A Utopia, ou A
Revolução, ou O Outro Mundo Possível, ou A Esperança não morreram como se por
um decreto seu fim pudesse ser determinado. Sim, elas foram brutalmente
atacadas e assassinadas, assim como tem sido com relativa frequência ao longo
da história e em vários lugares. E pretendia-se que fosse definitivo. Que o
povo desocupasse a praça, que as vozes se calassem e que a sua morte fosse
condescendentemente aceita.
Vão dizer
que nós a roubamos, escondemos, desvirtuamos. Ora, não é possível roubar aquilo
que é nosso por direito, por justiça e por luta. Nós fazemos essa concessão à
sua estupidez e cegueira para que tenham a chance de ver – assim como nós vimos
quando os olhos fechados ardiam em pimenta. Mas, ainda que seja pacífica, é um
ato de resistência e confiança na luta que lutamos por uma cidade onde caibam
todos/as.
E diante do
desespero e da dor das portas trancadas e das mentiras contadas, anunciamos a
esperança revelada em nossas pautas: Ressuscitará no terceiro dia!
1º dia: audiência
pública sobre saúde!
2º dia: audiência
pública sobre transporte público!
3º dia: audiência
pública sobre reforma administrativa!
Não será a
resolução de todos os nossos problemas. Continuará a morrer e ressuscitar como
na música de Mercedes Sosa. Mas será a prova definitiva de que a vida vence a
morte e de que a luta é justa, boa e necessária. Que a nossa esperança seja a
luta comprometida contra toda a forma de injustiça.
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