Uma festa de cores e direitos

No último domingo aconteceu a 8ª Parada da Diversidade Sexual. Mais uma vez, milhares de pessoas participaram do evento que a cada ano atrai um público maior. Reconhecidamente as pessoas participam por ser uma festa alegre, divertida, pacífica, colorida e democrática. Bares e lancherias vizinhas decoram seus estabelecimentos para esse dia. As pessoas se vestem ou usam símbolos que remetem ao orgulho LGBT (lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e ao direito à livre orientação sexual e identidade de gênero. Mais do que isso, as pessoas que participam entendem esse como um espaço de liberdade e de respeito e valorização da diferença manifestando-se em favor de várias questões que, ao lado da sexualidade e do gênero, são marcadas por preconceito e discriminação.

Nem todo mundo entende ou se dá conta da importância política do evento e do que ela representa para a população LGBT e para a sociedade em geral. Questionam a afirmação (que alguns acham exagerada) do orgulho, supondo que não há motivo para ter “orgulho” de ser gay, bissexual, lésbica, travesti ou transexual, ou o fato de que a Parada seria apenas uma festa (até caricaturizada) – como um segundo carnaval, sem sentido político ou efeito prático na vida das pessoas. Equivocam-se porque numa sociedade que discrimina e violenta pessoas por sua orientação sexual e identidade de gênero, qualquer manifestação positiva tem tanto uma dimensão pedagógica quanto política, especialmente se for uma grande festa de celebração da bela diversidade humana.

A Parada, historicamente, vincula o elemento festivo como estratégia de sobrevivência, como uma forma de contracultura, de inverter e neutralizar os símbolos da opressão e do preconceito, especialmente no Brasil, onde a festa tem um papel importante na configuração cultural do país e suas manifestações de resistência. Além disso, festejar o orgulho de ser algo que socialmente é considerado negativo e desprezível reforça o caráter subversivo da própria festa.

Mas, além do orgulho, a festa celebra conquistas no campo dos direitos civis e denuncia violações de direitos que ocorrem cotidianamente na vida de pessoas LGBT. Nela lembramos que São Leopoldo hoje tem uma Assessoria Especial para Políticas LGBT, temos uma lei que penaliza a discriminação (Lei 6010/2006) e que o poder público tem dado uma atenção para essa população historicamente excluída das políticas públicas. Lembramos também que a própria parada, ao ser noticiada pela imprensa e tornar-se conhecida da população, permite que se estabeleça um diálogo sobre esses temas nas famílias, nas escolas e nos espaços de socialização, fazendo com que, lentamente, uma cultura homofóbica se transforme numa cultura de respeito e não-violência.

É isso que aproximadamente 30 mil pessoas que circularam pela 8ª Parada da Diversidade Sexual pedem: uma São Leo sem homofobia – justa, livre e democrática – para todas as pessoas.

André S, Musskopf
Assessoria Especial de Políticas Públicas para LGBT

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