Minha grande vocação, minha maior desgraça

Algumas pessoas
Existem no mundo
Que se perguntam
Que tentam encontrar sentido
Que se atormentam
E só encontram fragmentos
Respostas provisórias
Insuficientes
Inacabadas
São o seu maior mistério
Cercadas de mistérios por todas as partes
Ou não?
Me ofereço ao mundo
Às pessoas
Me disponibilizo
Me entrego
Me dôo apaixonadamente
Como se fosse a última chance
Nunca é
Ou me engano?
Preso às dicotomias construídas no meu corpo
Me alegro
Me orgulho
Me satisfaço com a constatação
E descubro que estou enfeitiçado
Me arrebento
Me destruo
Me perco naquilo que sou, estou e quero
Masoquismo?
Resquícios de abuso emocional?
Amor pelo desafio?
E pela inevitável frustração?
Vocação ou desgraça?
Apaixono e horrorizo?
Abundo em mim mesmo?
Ou simplesmente me engano?
Me apego à esperança do diferente possível
Me alegro, gozo, imagino mundos reais
Ou me engano simplesmente?
Experimento
Conheço
Desfruto
Mas é só a antecipação do irremediável?
Sou lindo
Algo de ser apreciado
Ou um conjunto de tintas?
Desejoso pela mistura?
Pelo lambuzamento?
Pela paisagem a ser construída?
Perguntas é o que tenho
Vocação mesmo não sei
Desgraças, quem sabe?
E uma grande vontade
Apaixonada mas nem sempre apaixonante
Uma urgência
De algo que não sei o que é
Uma carência
Ou simplesmente um engano
Uma sessão de terapia
Um retorno ao mesmo
Um buraco no peito
Uma pergunta:
“Estrela, estrela, como ser assim?
Tão só, tão só, e nunca sofrer?”
Um desejo:
Um lugar “onde Deus possa me ouvir”
Uma certeza:
“Gosto muito de te ver... leãozinho”
E uma tênue esperança de que pode ser diferente

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