Isso é leitura popular!!!!!

Ontem e hoje assessorei o curso de Pastoral e Relações de Gênero do CESEP (veja abaixo) e trabalhei o tema "Borrando fronteiras: Diversidade sexual, raça/etnia, condição social e religião". Na tarde de ontem assistimos o filme Madame Satã, seguido de debate entre os/as participantes. Na manhã de hoje, desenvolvi o tema da diversidade sexual numa perspectiva histórica, abordando a questão das mudanças na compreensão das sexualidades não heterocêntricas e a organização do movimento homófilo/de libertação gay/queer e sua relação com questões de raça/etnia, condição social e religião. Mas foi à tarde que este grupo lindo, de pessoas vindas de toda a América Latina, envolvidas em trabalhos de base relacionados com igrejas ou não, me surpreendeu e emocionou. Usando como técnica o Bibliodrama (entendido nesta atividade como uma leitura corporal e vivencial do texto bíblico) realizamos juntos/as este terceiro momento (que na fórmula tradicional da Teologia da Libertação corresponde ao "agir" - antecedidos pelo "ver" e "julgar"). Não descreverei aqui todo o processo, mas o envolvimento do grupo na discussão proposta nos momentos anteriores e neste específico gerou leituras supreendentes sobre o texto proposto para a vivência (Mateus 8.5ss - onde Jesus cura o "criado" do centurião romano em Cafarnaum). Nas interpretações resultantes desta vivência, os grupos encenaram situações em que Jesus (que nomeamos como Pepe) se tornou uma atendente de Posto de Saúde que acolhe uma prostituta doente de AIDS; um líder comunitário que organiza a sua comunidade para o enfrentamento de situações de rua, de violência, etc., e ainda ajuda, através da sua experiência e sabedoria, uma comunidade vizinha garantindo o acesso das crianças à escola; um "xamã" iraquiano que cura um soldado norte-americano ferido na batalha por intervenção do seu "companheiro" de guerra e de vida (mas pede que parem com as bombas que causam destruição em seu país); um "conselheiro" que escuta, respeita e motiva um sacerdote a encontrar uma forma de resolver o seu conflito entre servir à Igreja e assumir a sua relação homossexual; uma mulher negra linda que representa a vida e suas possibilidades diante de um povo que chora, ora e tece a vida; um líder religioso africano que aos sons de tambores e através de seus rituais de cura, devolve a vida à esposa de uma "mulher" norte-americana em desespero em uma terra estranha. Talvez estas interpretações (descritas desta forma) sejam mais minhas do que das pessoas que narraram todas estas histórias diante de mim e de seus/suas colegas. De qualquer forma, me emocionaram e borraram fronteiras! Muitas!

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